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29 outubro 2017

O Sistema que criava homúnculos com síndrome do pequeno poder

A Síndrome do Pequeno Poder. A palavra poder se origina do latim "possum" cujo significado é “ser capaz de”.


Por Inês Ferreira
Jornalista
Auto estima é salutar, o contrário é a síndrome do pequeno poder.


O poder é essencial ao ser humano. Através do poder, do sentimento de capacidade, que a vida evolui.

É bem-vindo o poder do homem de vencer obstáculos, criar, buscar novos conhecimentos e usa-lo para evolução. Através do poder humano que podemos fazer um mundo melhor, o problema do poder é na verdade outro. Ele reside na forma como é utilizado.

A potencialidade humana pode ser usada para a construção ou para o desmoronamento, o que vai determinar a forma como o poder será usado é o caráter da pessoa. Muitos homens de poder podem usar seus recursos para a ciência, para inovação, se tornando trabalhadores competentes, contribuindo muito para a sociedade.

Porém quando o caráter da pessoa apresenta problemas, ou seja, não é saudável, o uso do poder acaba tomando o rumo muito mais da satisfação individual do que do bem coletivo.

Na base do grito e do autoritarismo, não se ganha o jogo


Especificamente desejo falar sobre a Síndrome do Pequeno Poder ou ainda chamada de Síndrome do Porteiro que caracteriza-se pelo uso improprio de um poder. Este poder neste caso é usado de forma abusiva, imperativa desconsiderando o contexto e os transtornos que isto ocasiona ao bom funcionamento de uma engrenagem. Baseia-se em processos de domínio e exploração nas relações interpessoais

Este comportamento pode surgir em diferentes campos: social, politica, cultural, econômica etc., pode ser gerador de problemas sérios nas relações entre homens e mulheres, entre pais e filhos e nas organizações de trabalho.

Por exemplo, a cozinheira que retém o alimento, por que se sente dona da cozinha, sem considerar a necessidade de uma situação, o segurança que complica o acesso de algumas pessoas em um prédio a fim de mostrar como sua função é importante.

O excesso de poder dos pais sobre os filhos. Do homem com a mulher ou vice versa, a funcionária da limpeza que determina de acordo com seu interesse a ordem com que vai realizar seu trabalho, sem considerar a organização das tarefas de um escritório.

Estas pessoas tem uma visão focada e restrita da situação. Entendem que desta forma estão se desempenhando bem, mas por traz disto estão muitos outros interesses latentes.

Pessoas atingidas pela síndrome do pequeno poder chegam ao clímax somente com o espelho,
se tornando pequenos ditadores



Atrás da síndrome do pequeno poder existe uma pessoa que apresenta normalmente uma baixa autoestima que tenta ser compensada. Exerce sua função de forma imperativa, como se desta forma pudesse mostrar aos outros e a si que é capaz.

Existe também uma dificuldade de reconhecimento dos limites. Seu desejo impera sobre o desejo do outro de forma mascarada, quero dizer, tentando ser justificada pelo desempenho de uma função. Há uma dificuldade quanto à percepção do outro e do meio.

Questões de vaidade também estão presentes. Há um desejo que sua posição seja reconhecida, muito mais sobre uma aparência do que verdadeiramente baseada na eficiência. As pessoas que são afetadas pela síndrome do pequeno poder são muito prejudicadas uma vez que esta postura atrapalha a evolução saudável de um processo.

A competitividade pode também estar em jogo nestes casos. Como um funcionário que quer mostrar que seu trabalho é mais importante que outro retendo privilégios, o bom desempenho de um poder seja ele qual for esta calcada no conhecimento e na capacidade de exercê-lo considerando o meio em que esta inserida.

Vale lembrar a diferença entre autoritarismo e autoridade.

Pessoas manipuladoras se sentem como controladoras de vidas


O Autoritarismo privilegia o poder sobre o outro a fim de impor e dominar

A Autoridade tem quem tem a razão e o conhecimento e por si só reconhece e respeita as leis que lhe circundam.



Rosângela Martins
Psicóloga
CRP 07/05917